CADA MINUTO DESPERDIÇADO É UMA NOVA SENTENÇA CONTRA O FUTURO

Hoje, 4 de Janeiro de 2025, em pleno século XXI, temos o dever o poder e a obrigação moral de superar as limitações dos nossos antepassados. A História deve ser nossa professora, não a nossa prisão. Angolanos e portugueses partilham uma herança complexa, mas essa mesma história que nos uniu em dor pode ser transformada numa ponte para um futuro partilhado de esperança e progresso.

Por Malundo Kudiqueba

Cada minuto desperdiçado é uma sentença contra o futuro. O tempo de agir não é amanhã — é agora. O eco das escolhas de hoje determinará os aplausos ou as lamentações de amanhã. Que a nossa geração seja lembrada como aquela que quebrou os ciclos de dor e ergueu os alicerces de uma sociedade renovada.

Os muros erguidos pelos nossos antepassados devem ceder lugar a pontes que fomentem oportunidades para empresários, académicos, estudantes, artistas, escritores, investigadores científicos e para toda a sociedade civil, promovendo o progresso, a cooperação e a colaboração em todas as esferas. Os muros esmagam sonhos, isolam talentos e travam o progresso. As pontes, por outro lado, criam conexões e abrem portas para novas oportunidades. Contudo, essas pontes não podem ser monopólio dos políticos nem privilégio restrito a acordos diplomáticos; elas devem ser construídas pela força colectiva das sociedades civis.

O progresso não pode ser monopolizado; deve ser um empreendimento colectivo. É a sociedade civil, de ambos os países, que tem o verdadeiro poder de criar dinâmicas transformadoras.

O mundo está em constante mudança e o progresso não espera por aqueles que se prendem ao que já foi. É imperativo que Angolanos e portugueses liderem pelo exemplo, mostrando que um passado partilhado pode dar lugar a um futuro construído em conjunto. Somos herdeiros de uma história difícil, mas também somos os arquitectos do futuro.

O presente é uma arena aberta. As regras do jogo estão por ser escritas, os jogadores precisam ser escolhidos, e as tácticas devem ser redesenhadas. Este é o momento de virar a página e assegurar que o campo seja nivelado pela igualdade, marcado pelo progresso e iluminado pela reconciliação.

O mal praticado pelos nossos antepassados não pode ser um fardo perpétuo sobre os ombros das novas gerações. É nossa responsabilidade romper este ciclo, cortar as correntes do passado e erguer a bandeira da mudança. O crime não é transmissível, porque a culpa não é hereditária. A justiça verdadeira não é vingança intergeracional, mas responsabilidade individual. Herdamos traumas, sim, mas não devemos perpetuá-los.

Cada geração tem o direito de escrever a sua própria história, livre das sombras de um passado que não escolheu. A transmissão de culpas é o caminho mais rápido para perpetuar ódios e dividir sociedades, enquanto a rejeição consciente do ciclo de erros é o alicerce para um futuro de reconciliação.

A transmissão de culpa é uma doença fabricada pelo medo e pela intolerância. Para que sociedades possam crescer, precisam abandonar essa lógica tóxica e abraçar o entendimento de que cada indivíduo é responsável apenas pelos seus actos. A maior dádiva que podemos oferecer às novas gerações é a coragem de questionar, a força de transformar e a visão para construir algo melhor. Não há desculpa para a inacção, não há justificação para a omissão. Cada segundo desperdiçado é uma nova sentença contra o futuro.

O maior tributo que podemos prestar aos nossos antepassados é fazer diferente: transformar os erros de ontem em aprendizados e construir um amanhã que honre as esperanças que eles não puderam realizar.

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